sábado, 27 de março de 2010

O eterno término do mesmo

Meu amigo Adriano Drummond disse-me ontem, por msn, que pensa em dar continuidade à escrita de um romance, cujo primeiro capítulo narra a cena de um bem-sucedido e querido professor de literatura, que, numa sala de cursinho pré-vestibular, após estranhamente lecionar de modo inacessível a todos os alunos, suicida-se com um tiro na cabeça.

Interpretei a passagem (coisa que escapou ao próprio autor) como o último suspiro de revolta da Literatura, consciente de seu exílio definitivo no mundo atual.

- Die Literatur ist tot, Adriano - disse-lhe eu, em paródia a Nietzsche. Só que haveria a incongruência de sua intenção de escrever o romance, o que, de alguma maneira, fala de uma esperança de ressurreição... ou até de não-morte. Não escreva essa obra: o silêncio é o registro adequado dela.

4 comentários:

  1. hahahahahahahaha

    ridículo!

    Na verdade, ao que tudo indica, seguirei o conselho.

    grande abraço

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  2. Caro Fruste,

    D'acordo contigo quanto à incongruência da obra com as explícitas intenções do autor, no que muito bem avaliaste . Entretanto, se visitares o Inutiliarum de Adriano, e te atentares pr'as últimas linhas, verás que a ressurreição é-lhe um propósito secreto...


    Tens também uma seguidora.


    Meus cumprimentos,

    Veronique

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  3. Veronique,

    Adriano nunca foi um autêntico pessimista, ou, seu pessimismo deriva de um otimismo frustrado, ou, é fruto de um ressentimento com a vida. Pessoas assim, no âmago, sempre acreditarão numa ressurreição, por mais que Lázaro cheire mal.

    Agradeço a visita e o "seguimento"!!

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